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por Natalino Ueda
Conheça a devoção dos cinco primeiros sábados em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.
por Natalino Ueda
Conheça a devoção dos cinco primeiros sábados em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.
A revelação da devoção dos cinco
primeiros sábados começou na segunda aparição de Nossa Senhora em
Fátima, Portugal, aos três Pastorinhos. No dia 13 de junho de 1917, a
Virgem Maria disse à pequena Lúcia: “Jesus quer estabelecer no mundo a
devoção do meu Imaculado Coração”.
Depois de ouvir estas palavras, as três crianças viram a Virgem
Santíssima com um coração na mão, cercado de espinhos. Eles
compreenderam que aquele era o Coração Imaculado de Maria, ultrajado
pelos pecados da humanidade, que necessitava de reparação. Na aparição
seguinte, no dia 13 de julho, a Mãe de Deus repetiu as mesmas palavras e
disse que voltaria para pedir a devoção reparadora dos primeiros
sábados.
Sete anos depois, no dia 10 de
dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, foi revelado a Irmã Lúcia a
devoção reparadora dos cinco primeiros sábados. Em dezembro de 1927,
por ordem de seu confessor, a Irmã escreveu as palavras que lhe dirigiu a
Santíssima Virgem, nas quais disse: “Olha, minha filha, o Meu Coração
cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me
cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e
dize que todos aqueles que durante cinco meses, no primeiro sábado, se
confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me
fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do
Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora
da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”.
A devoção dos primeiros sábados na história da Igreja
A prática da devoção reparadora dos
primeiros sábados do mês, que Nossa Senhora pediu à irmã Lúcia em 1925,
não era nenhuma novidade na Igreja. Este pedido da Virgem Maria foi uma
confirmação dos Céus de uma antiga piedade mariana. O Sábado como dia
consagrado especialmente à Santíssima Virgem é uma tradição que remonta
muito provavelmente os primeiros séculos da Igreja. “A presença da Missa
de Nossa Senhora nos Sábados, no missal romano de São Pio V, de 1570,
mostra a antiguidade desta prática que consiste em honrar especialmente a
Santa Mãe de Deus nesse dia da semana”.
Apoiados nesta piedosa tradição, os
membros das Confrarias do Rosário consagravam especialmente a Nossa
Senhora quinze sábados consecutivos de cada ano litúrgico. Durante esses
sábados, “eles se aproximavam dos sacramentos e cumpriam exercícios de
piedade particulares em honra dos quinze mistérios do santo rosário. Em
1889, o papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis uma indulgência
plenária a ser ganha durante um desses quinze sábados”.
Entretanto, foi com o grande Papa São Pio X que a devoção dos primeiros
sábados foi aprovada e encorajada pelo Vaticano, que em 10 de julho de
1905 indulgenciou pela primeira vez esta devoção. Alguns anos mais
tarde, em 13 de junho de 1912, São Pio X concedeu “indulgência plenária,
aplicável às almas dos defuntos, no primeiro sábado de cada mês, por
todos aqueles que, nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem
exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada Virgem
Maria, em espírito de reparação”.
Providencialmente, cinco anos depois,
na mesma data, aconteceu a “segunda aparição de Nossa Senhora em
Fátima, durante a qual os três pastorinhos testemunharam a primeira
grande manifestação do Imaculado Coração de Maria vendo-o ‘cercado de
espinhos que pareciam enterrados nele. [… Depois de ter essa visão, os
Pastorinhos disseram:] Compreendemos que era o Imaculado Coração de
Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação’”.
Os termos usados por São Pio X são quase exatamente os mesmos do pedido
de Nossa Senhora em Pontevedra, em 1925, principalmente no que diz
respeito “a extrema importância da intenção reparadora, única capaz de
afastar e apaziguar a cólera de Deus”.
Em Fátima e em Pontevedra, Nossa Senhora não é inovadora, mas nos deu a
confirmação do Céu e um novo impulso à devoção dos primeiros sábados,
que está firmemente enraizada na mais pura tradição católica.
As cinco ofensas a reparar nos cinco primeiros sábados
Em 1930, o Padre José Bernardo
Gonçalves, então confessor da Irmã Lúcia, entre outras coisas perguntou a
ela: “Porque hão de ser ‘5 sábados’ e não 9 ou 7 em honra das dores de
Nossa Senhora?”
Durante uma de suas costumeiras orações, na noite do dia 29 para 30 de
Maio de 1930, Nosso Senhor revelou a Irmã Lúcia o seguinte:
Minha filha, o motivo é simples: são 5 as espécies de ofensas e blasfêmias contra o Imaculado Coração de Maria:1 – As blasfêmias contra a Imaculada Conceição.2 – Contra a Sua virgindade.3 – Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;4 – Os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo, e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;5 – Os que A ultrajam diretamente nas suas sagradas Imagens.Eis, Minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação; e, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de A ofender9.
A primeira ofensa é a negação do dogma da Imaculada Conceição, definido pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854.
A segunda ofensa é negação da
doutrina acerca da virgindade perpétua de Maria. São opositores desta
verdade as pessoas que negam que a concepção e o parto de Jesus não
foram virginais, e que Maria não conservou a virgindade depois do parto,
bem como aquelas que dizem que a Mãe de Deus teve mais filhos além de
Jesus.
A terceira ofensa é negação da
maternidade divina e espiritual de Maria, declarada no III Concílio de
Constantinopla no ano de 680. A Virgem Maria é Mãe de Deus e, ao mesmo
tempo, Mãe espiritual dos homens, pela sua participação no Mistério da
Redenção do gênero humano.
A quarta ofensa é ódio para com a
Imaculada Mãe de Deus infundido nas crianças. “A ideologia
Marxista-comunista procurou eliminar todos os vestígios de religião, a
começar pelas crianças. […] Ensinava-se às crianças o racionalismo puro
e, além disso, em certa nação, os pequeninos aprendiam ‘ladainhas’ de
injúrias contra a Mãe de Deus”.
A quinta ofensa é o desrespeito para
com as sagradas imagens de Maria. Não é raro, em nossos dias, o ultraje,
o vandalismo e a destruição das imagens de Nossa Senhora,
principalmente quando estas são expostas em público. Ofendem também o
Coração Imaculado de Maria Santíssima aquelas pessoas que tiram dos
templos sagrados as suas imagens ou as reduzem ao mínimo, contrariando o
que foi dito no Concílio Vaticano II: “Observem religiosamente aquelas
coisas que nos tempos passados foram decretadas acerca do culto das
imagens de Cristo, da Bem-aventura Virgem e dos Santos”.
Como praticar a devoção dos cinco primeiros sábados?
Para realizar perfeitamente esta
devoção reparadora devemos fazer, durante os cinco primeiros sábados de
cinco meses seguidos, na intenção geral de reparar nossos próprios
pecados e os de toda a humanidade contra o Coração Imaculado de Maria,
quatro atos de piedade:
1 – A Confissão: pode ser
feita no primeiro sábado ou antes, ainda que oito dias ou mais antes, se
for impossível ou muito difícil se confessar no dia. No entanto,
lembramos que é necessário estar em estado de graça no primeiro sábado
do mês, a fim de fazer comunhão reparadora. Na Confissão, é muito
importante a intenção de reparar o Coração Imaculado de Maria. Esta
intenção reparadora não precisa ser dita ao confessor, mas apenas
colocada mentalmente diante de Deus antes da Confissão. Nosso Senhor
disse a Irmã Lúcia que se esquecermos da intenção reparadora, podemos
colocar esta na Confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que
tivermos para nos confessar.
2 – O Terço: a tradicional
oração mariana do Terço também faz parte da devoção dos cinco primeiros
sábados, que deve ser rezado na intenção da reparação do Imaculado
Coração de Maria.
3 – Os 15 minutos de meditação sobre os mistérios do Rosário: Nossa Senhora pediu que fizéssemos companhia a ela durante pelo menos 15 minutos, meditando sobre os 15 mistérios do Rosário12,
em espírito de reparação ao seu Imaculado Coração. Não precisamos
meditar todo primeiro sábado sobre todos os 15 mistérios. Podemos
meditar apenas um, dois, três ou mais mistérios, conforme a nossa
escolha pessoal. Também é possível meditar os mistérios do Rosário
conforme o Tempo Litúrgico. Por exemplo: no Tempo do Advento, podemos
meditar os Mistérios Gozosos; no Tempo da Quaresma, os Mistérios
Dolorosos; no Tempo Pascal, os Mistérios Gloriosos; no Tempo Comum,
podemos meditar aqueles Mistérios que mais dizem respeito à Liturgia do
dia.
4 – A comunhão: é o ato
essencial desta devoção reparadora. Para compreender bem a sua
importância, recordemos a devoção da comunhão das nove primeiras
sextas-feiras, em reparação das ofensas contra o Sagrado Coração de
Jesus, e a comunhão milagrosa dada aos três Pastorinhos de Fátima, pelo
Anjo da Guarda de Portugal, no outono de 1916, de caráter eminentemente
reparador, que evidencia-se na oração, repetida seis vezes, três vezes
antes e três vezes depois da comunhão: “Santíssima Trindade, Pai, Filho e
Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o
preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente
em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e
indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos de
seu Sacratíssimo Coração e do Imaculado Coração de Maria, peço-vos a
conversão dos pobres pecadores”13.
Nessas quatro práticas da devoção dos
cinco primeiros sábados, a intenção reparadora é muito importante,
especialmente na comunhão, porque as ofensas contra o Imaculado Coração
de Maria também ofendem gravemente o Sacratíssimo Coração de Jesus.
Esta prática da devoção reparadora
como um todo pode ser também feita no domingo que segue o primeiro
sábado, desde que seja, por motivos justos, autorizado por um Padre.
O poder e a eficácia sobrenaturais da devoção ao Imaculado Coração de Maria
Assim, a devoção dos cinco primeiros
sábados em reparação pelas ofensas cometidas contra o Imaculado Coração
de Maria nos foi revelada para que por ela muitas almas sejam salvas.
Pois, cada vez mais em nosso tempo, multiplicam-se os ataques à
dignidade, aos privilégios, às honras devidas à Virgem Maria. Além
disso, há uma diminuição considerável do culto mariano em quase toda a
Igreja. Sendo este o estado das coisas em nossos dias, a impiedade de
muitos para com Nossa Senhora certamente deve ser incluída na intenção
reparadora de nossa prática da devoção dos cinco primeiros sábados.
Dessa forma, reparemos a honra de Nossa Senhora, tão ultrajada pela
ingratidão dos homens, através da devoção que ela mesma nos indicou.
Em carta ao Bispo titular de Gurza,
de 27 de maio de 1943, a irmã Lúcia nos ajuda a compreender o poder e a
eficácia sobrenaturais da devoção ao Imaculado Coração de Maria:
Os Santíssimos corações de Jesus e Maria amam e desejam este culto [para com o Coração de Maria] porque dele se servem para atrair todas as almas a eles e isto é tudo o que desejam: salvar as almas, muitas almas, todas as almas. Nosso Senhor me dizia, há alguns dias: “Desejo ardentemente a propagação do culto e da devoção ao Coração de Maria porque este Coração é o ímã que atrai as almas para mim, a fornalha que irradia na terra os raios de minha luz e de meu amor, fonte inesgotável de onde brota na terra a água viva de minha misericórdia”.
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