retirado
do site:
http://www.ofielcatolico.com.br/2001/02/a-igreja-catolica-foi-fundada-por.html
ESTE
ARTIGO poderia ser classificado como mais um da série "falácias
'evangélicas'"... Sim, esta é mais uma das "invencionices"
dos nossos pobres irmãozinhos afastados. Respondemos à pergunta
logo de cara: claro que não, a Igreja Católica NÃO foi
fundada por Constantino, e nem poderia ser. Este é um disparate sem
tamanho, uma tolice tão grande e evidente por si mesma que
dispensaria explicações. No entanto, como vivemos num país de
ingênuos e de maioria inculta, damo-nos ao trabalho de publicar este
artigo.
O
imperador Constantino, também conhecido como Constantino Magno, o
Grande, ou Constantino I, nasceu em 274 e faleceu em 337; foi
imperador durante 31 anos (de 306 a 337). Era filho de Constâncio
Cloro e Helena, que era cristã e veio a ser canonizada (Santa Helena
de Constantinopla). Casou-se com Faustina, filha de Maximiliano
Hércules.
Após
a morte do imperador Galério, o poder ficou dividido entre Maxêncio
(que se autoproclamou imperador) e Constantino (aclamado imperador
por seus soldados). Os dois ambicionavam o poder, e a luta entre eles
encerrou-se no dia 28 de outubro de 312, com a histórica vitória de
Constantino junto à Ponte Mílvia.
À
ocasião, Constantino testemunhou ter visto no céu uma cruz com a
inscrição "In Hoc Signo Vinces" ('Com este
Sinal vencerás'). Este foi o grande marco para a sua conversão, que
não se deu de uma hora para outra, mas foi um longo processo: ele
foi batizado somente em 337, no fim de sua vida. Alguns historiadores
contestam a conversão de Constantino, e é claro que, objetivamente
falando, não há como se afirmar categoricamente a sua sinceradade
ou se ele, antes de tudo, adotava uma estratégia política e militar
ao se declarar cristão, visando obter o apoio de uma parcela da
população e da nobreza. Essa tese, porém – é preciso dizer –,
é no mínimo altamente improvável, porque nesse tempo os cristãos,
ainda que já se encontrassem espalhados por todo o Império,
representavam uma minoria quase irrelevante da população, e uma
tática muito melhor para conquistar apoio, se o futuro Imperador
quisesse convencer alguém a partir do falso testemunho de uma visão
sobrenatural, teria sido declarar-se mitraísta[1]. Essa questão,
porém, não tem a menor importância para o fato que estamos
demonstrando aqui – o fato de que Constantino concedeu total
liberdade de culto aos cristãos a partir do ano 313, com o chamado
Édito de Milão, documento no qual constava o trecho seguinte:
“Havemos
por bem anular por completo todas as restrições contidas em
decretos anteriores acerca dos cristãos; restrições odiosas e
indignas de nossa clemência, e dar total liberdade aos que quiserem
praticar a religião cristã."
Nesse
tempo, o Papa era Melcíades, e já era 32º Sumo Pontífice da
Igreja depois de São Pedro. Assim, não há como se afirmar que
Constantino seja o fundador da Igreja de Cristo, que desde o início
sempre foi Católica (que quer dizer 'universal', em sentido duplo:
refere-se à Fé que precisa ser assumida integralmente e à salvação
que não está restrita a um grupo escolhido, mas aberta a todos os
povos e nações) desde o tempo dos Apóstolos; ele apenas deu
liberdade aos cristãos, que obviamente já existiam desde o século
I, acabando com mais de dois séculos e meio de perseguição e
martírios.
Veja
o leitor, por exemplo, o conteúdo da Carta de Santo Inácio de
Antioquia aos Esmirnenses (que viveu do ano 67 até 110 dC), a qual,
escrita nos primeiríssimos anos do cristianismo, antes mesmo da
canonização da Bíblia Sagrada (e séculos antes de Constantino),
já denomina a verdadeira Igreja de Cristo como Católica .
Fica
claro que não estamos aqui dando "a nossa opinião" sobre
o assunto: tudo isso é História bem documentada. Sendo assim,
sequer precisaríamos dizer mais nada, pois é fato incontestável
que no início do século terceiro o cristianismo já estava
espalhado por quase todo o mundo, penetrando inclusive nas classes
nobres, mas ainda perseguido pelos imperadores romanos, que tentavam,
pelo poder das armas, destruir a Fé.
Como
dissemos no começo, trata-se de uma questão extremamente simples,
fácil de compreender e impossível de negar. É preciso um altíssimo
grau de alienação da realidade para aceitar a ideia de que tenha
sido um imperador romano que tenha fundado a Igreja, a partir do
século IV. Nenhuma igreja protestante histórica (as mais antigas,
como a luterana, a calvinista e a anglicana) adota esse tipo de
teoria absurda para renegar a autoridade da Igreja Católica, pois os
seus pastores e adeptos, em geral, são pessoas mais esclarecidas.
Demonstrado então, acima de qualquer dúvida, que não foi
Constantino quem fundou a Igreja Católica, a pergunta que fica é:
quem fundou a Igreja Católica?
Foi
o próprio Senhor Jesus Cristo. A palavra "igreja" deriva
de outra palavra grega que significa assembléia convocada.
Neste sentido a Igreja é a reunião de todos os que respondem ao
Chamado do Cristo: "...Ouvirão a minha voz, e haverá um só
rebanho e um só Pastor" (Jo 10,16).
Ao
contrário do que às vezes ouvimos por aí, dito por pessoas sem
nenhum conhecimento de causa, Jesus Cristo sem dúvida tinha a
intenção de fundar a sua Igreja, e a Bíblia demonstra essa
intenção explicitamente, em Mt 16,18 ('Tu és Pedra e sobre esta
Pedra edificarei a minha Igreja...'), bem como em diversas outras
passagens do Novo Testamento.
A
escolha dos doze Apóstolos:
"O
Senhor subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a Ele.
Designou doze entre eles para ficar em sua companhia". (Mc
3,13-14). A escolha precisa de doze Apóstolos tem um significado
muito importante. O Senhor lança os fundamentos do novo povo de
Deus: doze eram as tribos de Israel, surgidas dos doze filhos de
Jacó; assim, doze foram os Apóstolos para testemunhar a
continuidade do Plano de Deus por meio da Igreja.
Segundo
Sto. Agostinho, a Igreja começou "onde o Espírito Santo desceu
do Céu e encheu 120 pessoas que se encontravam na sala do Cenáculo".
O derramar do Espírito, em Pentecostes, foi como a "inauguração
oficial" da Igreja para o mundo.
Sim.
Jesus Cristo fundou e instituiu a sua Igreja neste mundo. Atualmente,
porém, estamos vivendo um momento em que muitas "igrejas"
são inventadas todos os dias, porque são encaradas como se fossem
empresas, como negócio comercial. Basta um sujeito "bom de
lábia"; que tenha facilidade de convencer os outros com belas
palavras. Esta pessoa lê a Bíblia, interpreta do seu jeito
particular, abre firma (os custos são mínimos) e aluga um salão,
de preferência em local movimentado; compra cadeiras e um púlpito.
Pronto! Já nasceu mais uma "igreja"! Para ser "pastor"
não precisa entender de História, nem de Filosofia, nem de
Teologia: basta querer. Simples assim!
Alguns
dados históricos interessantes sobre as 'igrejas'
protestantes/'evangélicas':
# A
igreja protestante mais antiga é a luterana. Foi fundada por
Martinho Lutero em 1524;
[Note-se
que a Igreja Católica já existia há mais de um milênio e meio
quando ela surgiu. Foi chamada 'protestante', inicialmente, devido ao
protesto de seis príncipes luteranos e 14 cidades alemãs (19 de
abril de 1529), quando a chamada 'segunda dieta (assembleia) de
Speyer', convocada pelo imperador Carlos V, revogou uma autorização
concedida três anos antes para que cada príncipe determinasse a
religião do seu território. O termo "protestante" foi
rapidamente adotado, inclusive pelos partidários de Lutero, e logo
transcendeu a questão local e epocal para definir, genericamente, o
grupo que rejeitava a autoridade do Sucessor de Pedro, justamente
porque protestavam contra a autoridade e a doutrina da
primeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, a Católica.]
# A
igreja anglicana foi fundada pelo rei Henrique VIII, em 1534, porque
o Papa (Clemente VII) não permitiu que ele se divorciasse de sua
primeira esposa para se casar com Ana Bolena;
# A
igreja presbiteriana foi fundada por John Knox, em 1560;
# A
igreja batista foi fundada por John Smith, em 1609;
# A
igreja metodista foi fundada por John Wesley, em 1739, quando decidiu
separar-se dos anglicanos (aqui começaram as divisões das divisões
das divisões... que continua até hoje);
# Os
adventistas do sétimo dia começaram com Guilherme Miller e Helen
White, já no século XX;
# A
congregação cristã do Brasil foi fundada por Luigi Francescom, em
1910;
# As
"assembleias de Deus" têm a sua origem no chamado
"despertar pentecostal" dos anos 1900, nos EUA. Muitas
pessoas saíram de diferentes igrejas protestantes para formar novas
congregações pentecostais. Em 1914, mais de cem dessas novas
"igrejas"(!) se juntaram para formar essa organização
religiosa;
# A
"igreja do 'evangelho quadrangular'" foi fundada na década
de 1920, pela missionária canadense Aimeé Semple McPathersom,
que passou da igreja batista para a pentecostal (desde sempre houve o
famoso 'pula-pula' dos 'evangélicos', de 'igreja' em 'igreja',
porque nunca estão contentes, já que não encontram a Igreja
verdadeira, simplesmente porque esta é a Católica, a única que
eles repudiam);
# A
"igreja 'Deus é Amor'" foi fundada por David Miranda, em
1962;
# A
"Renascer em Cristo" surgiu há poucos anos, já na década
de 1990, fundada pelo empresário ficha suja Estevan Hernandez;
# A
"igreja universal do reino de deus (muitos ‘evangélicos’ de
outras denominações dizem que este ‘deus’ só pode ser Mamon,
referido por Cristo no Evangelho segundo S. Lucas, 16,13, dada a
ênfase dos cultos na prosperidade material e no sucesso financeiro)"
surgiu em 1977, fundada pelo empresário ficha suja Edir Macedo;
Nos
últimos anos, milhares e milhares de outras denominações menores
foram surgindo, com nomes cada vez mais criativos. Cada uma delas se
afirma a mais fiel; todas se declaram “guiadas pelo Espírito
Santo”, apesar de pregarem doutrinas totalmente diferentes umas das
outras, muitas vezes contrárias entre si. Todas elas foram fundadas
por homens ou mulheres comuns.
A
pergunta que fica é simples: como o Espírito Santo poderia animar
tantas divisões, Ele que é Fonte da Unidade? E como poderia
inspirar tantas doutrinas diferentes e opostas umas às outras (umas
batizam crianças, outras não; umas dizem que o batismo tem que ser
em rio, outras que pode ser numa piscina ou tanque, ou por aspersão;
umas admitem o divórcio, outras não; umas praticam o que chamam de
'santa ceia', outras não; umas guardam o sábado, outras não, etc,
etc...), se as Escrituras dizem (Ef 4,5) que os verdadeiros cristãos
tem "uma só fé, um só Senhor e um só Batismo"?
Como
identificar a Igreja de Nosso Senhor? Algumas chaves simples podem
nos levar à conclusão definitiva. Estudar a fundo a Bíblia
Sagrada, que os protestantes/evangélicos dizem seguir, e
conhecer a Igreja primitiva, que eles dizem representar.
Segundo
a Bíblia: a Epístola aos Hebreus (12,22-24) fala da Igreja
Celestial, que é a Jerusalém Celeste. O texto bíblico diz que as
almas dos justos aperfeiçoados estão no rol da Igreja triunfante,
a Assembleia Universal que é a Igreja dos Primogênitos
arrolados nos Céus, diante de Deus, Juiz de todos. O ponto
fundamental aí é notar que o texto em grego, no trecho que se
refere "à universal assembléia e igreja dos primogênitos
inscritos nos Céus" (v.23) no manuscrito original poderia tanto
ser γενική σύναξη (assembleia universal) quanto
γενική eκκλησία ou ainda kαθολικός
eκκλησία, que se pronuncia katholikón ekklésia, e quer
dizer, exatamente, Igreja Católica.
A
Igreja Primitiva, no Concílio de Constantinopla (381), definiu os
traços que caracterizam a verdadeira e única Igreja de Jesus
Cristo: "Creio na Igreja, Una, Santa, Católica e
Apostólica...".
Una: A
Igreja deve ser una, isto é uma só, indivisível, uma
só Igreja, do mesmo modo como existe "um só Senhor, uma
só fé, um só batismo" (Ef 4,5). Jesus Cristo fundou uma
só Igreja neste mundo, e Jesus só pode ser a Cabeça de um Corpo,
do mesmo modo como somente pode desposar uma noiva, assim como Deus
teve um povo entre os vários povos;
Santa: em
virtude do seu fundador: Jesus Cristo. Foi ela que recebeu a promessa
fundamental: "...as portas do inferno não prevalecerão contra
ela" (Mt 16,18). Deste modo, a razão da própria existência da
Igreja está em ser um instrumento de santificação dos homens:
"Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados
pela verdade" (Jo 17,19).
Católica: a
palavra católica quer dizer universal; a Igreja de
Cristo é Universal porque foi estabelecida para reunir todos os
povos e nações para formar o único Povo de Deus: "Ide, pois,
ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo" (Mt 28,19).
Apostólica: porque
está edificada sobre o "fundamento dos Apóstolos..." (Ef
2,20). A garantia da legitimidade da Igreja está na continuidade da
obra de Jesus por meio da Sucessão Apostólica. Tudo o que Jesus
quis para a sua Igreja foi entregue aos cuidados dos Apóstolos: a
doutrina, os meios para santificação e a hierarquia.
Romana: este
título, que pode confundir algumas pessoas, na realidade é muito
simples: “Romana” não implica nacionalismo nem particularismo;
não quer dizer que a Igreja pertença ou se limite a Roma, assim
como aconteceria com uma empresa; indica apenas o endereço da sede
da Igreja, enquanto instituição, neste mundo. Nada mais. A Igreja,
atuando no mundo, precisa de um endereço físico e postal, que é o
do Bispo de Roma, o Papa, feito Chefe visível por Cristo. Em
consequência, a Igreja Católica recebe, como uma espécie de
“subtítulo”, a designação “romana”. Isto em nada contraria
a sua catolicidade/universalidade. Também Jesus foi chamado
"Galileu" e "Nazareno", e nem por isso deixa de
ser o Senhor e Salvador de todos
______
[1]
Para saber mais, vide LOT, Ferdinand. O fim do mundo antigo e o
princípio da Idade Média. Lisboa: Setenta, 1968.